Todas
as fontes documentais, aludem para que a actual Vila
das Alcáçovas estivesse integrada no antigo
itinerário romano Ebora-Salácia e que neste período
fosse apelidada de Castreleucos (Castelos Brancos).
Se
atendermos ao topónimo, existem fortes hipóteses de
terem existido não um castelo, mas sim de dois
castelos. Um que terá sido transformado em palácio
por D. Dinis, localizado junto à actual Rua do Paço.
E outro que estaria situado, onde actualmente se
situa a Igreja Matriz, junto à Rua do Castelo e que
segundo as fontes, abrangia uma grande panorâmica a
norte da Vila.
No século VIII, tal como em toda a região do
Alentejo, esta antiga povoação foi invadida pelos
Mouros. Nesse período a palavra (alcáçova) foi uma
das que seria introduzida pelos invasores (Al-Qasbah)
e que tinha o mesmo significado de uma arquitectura
militar localizada numa cota mais alta. Esta
conjuntura, reforça mais uma vez a ideia da
existência, neste caso, não de uma alcáçova, mas sim
de duas alcáçovas, o que provavelmente iria
determinar o topónimo final de Alcáçovas.
Na sequência do processo de reconquista, era
necessário repovoar a povoação que se encontrava
debilitava e sem organização, havia necessidade da
localidade se adaptar às novas realidades, então, D
Martinho, Bispo de Évora deu o primeiro foral à
povoação, denominada na altura por Santa Maria das
Alcáçovas, em 17 de Agosto de 1258. Neste período a
povoação e terras anexas passariam a ser um senhorio
episcopal.
Em 1271, num acordo entre, D. Afonso III e D.
Durando Pais, bispo de Évora, regista-se, que o
senhorio das alcáçovas não era rentável na posse dos
prelados eborenses, mas que o seria na posse do rei,
a partir de então as Alcáçovas passaria a estar na
posse do rei, passando a povoação à categoria de
Vila.
D. Dinis, no dia 25 de Abril 1279, a partir de Évora
mandou enviar ao concelho das Alcáçovas, uma cópia
dos seus foros e costumes, para confirmar o foral da
Vila. Este monarca deu ainda foros aos lavradores do
seu enorme reguengo na Vila das Alcáçovas, que
muitos consideram uma nova carta de foral, no dia 28
de Fevereiro de 1283.
No dia 13 de Dezembro de 1308, com registos do
Bispo, D. Fernando, a Igreja Matriz assinala um
crescimento da Vila e consequente aumento dos fiéis,
já nesta altura denominada S. Salvador das
Alcáçovas, sendo seu reitor Gonçalo Martinho.
Após o reinado de D. Afonso V, foi concedido o
senhorio das Alcáçovas a D. Fernando Henriques, que
apesar de ser castelhano, tinha ajudado os
portugueses na guerra contra Castela. Esta família
era descendente de Henrique II de Trastâmara estando
a História da Vila das Alcáçovas ligada durante
algumas centúrias à linhagem dos Henriques.
Em 1447, na Vila das Alcáçovas realizam-se os
contratos nupciais da princesa D. Isabel, com o Rei
de Castela, D. João II, e em 1457, os esponsais da
princesa D. Beatriz, com o infante D. Fernando,
duque de Viseu e filho do Rei D. Duarte. Destes
casamentos, entre D. Isabel de Aviz que casou com o
tal Rei D. João II veio a nascer a grande Rainha
Isabel, a Católica, que terá um papel determinante
em Espanha. Por outro lado, a Infanta D. Beatriz que
casou com D. Fernando, duque de Viseu, veio a ser
mãe do Rei D. Manuel I, de cognome, o Venturoso.
A 4 de Setembro de 1479, na Vila das Alcáçovas,
encontram-se os procuradores de Portugal e Castela e
aí são estabelecidos dois tratados. O primeiro diz
respeito à sucessão dinástica e que ficou conhecido
como Tratado das Terçarias de Moura. O segundo,
designado por Tratado das Alcáçovas, que além de
formalizar o fim das hostilidades entre os dois
reinos em que, Afonso V de Portugal, desistia para
sempre das suas pretensões ao trono de Castela,
continha outras cláusulas respeitantes à política de
projecção externa de ambos os reinos, num momento em
que ambos competiam pelo domínio do Oceano Atlântico
e das terras até então descobertas na costa
africana.
O Tratado de Alcáçovas seria o primeiro na história
mundial a definir uma partilha do mundo entre duas
potências, sendo este, ratificado em 6 de Março de
1480, na localidade espanhola de Toledo.
A 29 de Setembro de 1495, D. João II estava nas
Alcáçovas sendo os seus últimos dias de vida,
marcados pela incerteza quanto ao seu sucessor, e
que acabaria por ditar no seu derradeiro testamento,
a nomeação do seu herdeiro, D. Manuel I.
No dia 20 de Setembro de 1541, através de um Alvará
de Doação Régia, D. João III, entrega o actual
Convento de Nossa Senhora da Esperança à Ordem
Dominicana, tendo sido o Padre Frei Lourenço de
Setuval, o primeiro vigário deste convento.
No dia 10 de Setembro de 1551 foi fundada a
Misericórdia das Alcáçovas, sendo seu provedor,
Alberto Eduardo Batista. Nesta altura o Senhor das
Alcáçovas era D. Henrique Henriques, 4º Senhor das
Alcáçovas, que ficou conhecido por gastar grande
parte dos seus rendimentos com aqueles que mais
necessitavam.
Em 1661, o Padre Frei Manuel Correia, iniciou as
fundações para a construção do novo altar-mor, no
Convento de Nossa Senhora da Esperança, tendo esta
obra ficado em 400$000 réis.
No ano de 1758, as Memórias Paroquiais referem que a
Vila tinha 1671 habitantes e existindo nesta altura
duas feiras francas e um mercado. Uma dessas feiras,
chamada de São Geraldo durava dois dias e tinha
inicio no dia 13 de Outubro. Outra feira, a de São
Bartolomeu, durava apenas um dia e era feita junto
ao Convento de Nossa Senhora da Esperança no dia 24
de Agosto. O mercado era feito durante os dias três
do Espírito Santo, também junto ao Convento da Nossa
Senhora das Esperança.
Em 1836, a Vila das Alcáçovas passa a integrar o
Concelho de Viana dos Alentejo muito provavelmente
na sequência da Reforma Administrativa iniciada por
Mouzinho da Silveira já em pleno Liberalismo.
Em 1885, após a união das bandas de música dos
“nalgueiros” e, dos “pés frescos” é inaugurada a
Sociedade União Alcaçovense. A 9 de Agosto do mesmo
ano, reúne-se pela primeira vez a direcção da S.U.A.,
tendo como presidente, Manuel Estanislao Fragoso,
como tesoureiro, Joaquim António Salsinha Senior e
como secretário, o Padre Joaquim Pedro d’ Alcântara.
A 30 de Abril de 1888 é concluída a construção da
Escola Oficial no Largo Alexandre Herculano,
projecto do distinto Alcaçovense, Luís Augusto
Tavares Fragoso e da iniciativa e receitas de muitos
particulares Alcaçovenses. Numa altura em que a
escola a nível nacional já era vista como o meio de
regeneração da sociedade portuguesa, esta obra de
ampliação e de grande importância para a vila, tinha
como grande objectivo, fazer face ao constante
aumento demográfico da população, que segundo os
Censos de 1890, a Vila das Alcáçovas teria mais de
600 crianças com idades compreendidas entre 1 e os
15 anos.
No dia 18 de Maio de 1924, grande parte da população
acorreu para testemunhar a reabertura do Hospital da
Misericórdia, após alguns anos encerrado. Por esta
altura a Vila das Alcáçovas, tinha mais de 5000
habitantes.
Decorria o ano de 1956, quando a luz eléctrica
chegou à Vila das Alcáçovas. Para comemorar o
acontecimento as carroças perfilaram-se no Largo
Alexandre Herculano carregadas de pão e vinho para
distribuir pela população, havendo ainda um boi
assado.
A 9 de Setembro de 1973 no Monte Sobral, a poucos
quilómetros da Vila das Alcáçovas teve lugar a
segunda reunião, do período pré-revolucionário que
dará origem ao Movimento das Forças Armadas, que
culminaria com a Revolução de Abril de 1974.
(Nuno Grave) .
Heráldica
Ordenação heráldica do
brasão e bandeira Publicada no Diário da República,
III Série de 16/07/2001
Armas - Escudo de Prata, dois leões de púrpura
afrontados, armados e lampassados de azul; em ponta,
uma alcáçova de vermelho. Coroa mural de quatro
torres de prata. Listel branco com a legenda a negro
: " ALCÁÇOVAS ".
Bandeira - Esquartelada de branco e púrpura, cordões
e borlas de prata e púrpura. Haste e lança de ouro.
Bandeira para hastear
em edifícios (2x3)
Estandarte para cerimónias e cortejos (1x1)
Selo
Circular, com as peças do brasão, tudo envolvido por
dois círculos concêntricos entre os quais corre a
legenda "JUNTA DE FREGUESIA DAS ALCÁÇOVAS".
Dados Estatísticos da
Freguesia de Alcáçovas
Período de referência dos dados |
População presente (N.º) por Local de
residência e Sexo; Decenal (1) |
População residente (N.º) por Local de
residência e Sexo; Decenal (1) |
Famílias (N.º) por Local de residência;
Decenal (1) |
Alojamentos (N.º) por Localização
geográfica; Decenal (1) |
Edifícios (N.º) por Localização geográfica;
Decenal (1) |
Sexo |
Sexo |
HM |
H |
M |
HM |
H |
M |
N.º |
N.º |
N.º |
N.º |
N.º |
N.º |
N.º |
N.º |
N.º |
2011 |
2058 |
1003 |
1055 |
2111 |
1040 |
### |
835 |
1526 |
1463 |
2001 |
2041 |
997 |
1044 |
2088 |
1027 |
### |
818 |
1479 |
1431 |
População presente (N.º) por Local de
residência e Sexo; Decenal |
|
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Fonte: INE, 2011 |
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População residente (N.º) por Local de
residência e Sexo; Decenal |
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Famílias (N.º) por Local de residência;
Decenal |
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Alojamentos (N.º) por Localização
geográfica; Decenal |
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Edifícios (N.º) por Localização geográfica;
Decenal |
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Nota(s): |
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(1) Dados Provisórios |
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