Devolver o mundo rural às novas gerações

       Grande parte da população agrícola do concelho de Évora tem um baixo nível de escolaridade, idade avançada e carências sociais que afectam e desmotivam a continuação na actividade agrícola. Esta é uma das constatações feitas pela CNA  (Confederação Nacional da Agricultura) do Alentejo no âmbito do trabalho de  revitalização que está a desenvolver junto da população agrícola do concelho, em resultado do protocolo assinado com a Associação de Freguesias do Concelho de Évora.

Com base num protocolo assinado em Agosto de 2000 entre a Associação de Freguesias e a CNA Alentejo, esta compromete-se a prestar, aos pequenos e médios agricultores, todo o tipo de apoio relacionado com os processos técnico-burocráticos, informação e aconselhamento técnico acerca dos projectos e candidaturas, culturas, mobilização de solos, pecuária, entre muitos outros que promovam a revitalização do mundo rural.

Com um técnico no terreno, em contacto directo com os agricultores, a CNA já fechou o primeiro ciclo de contactos nas 12 freguesias rurais e acordou a deslocação do técnico, uma vez por mês, a cada uma delas, além do apoio prestado nas suas instalações, em Évora.

Ao dar a conhecer os objectivos, os meios e os métodos para o desenvolvimento desta acção de apoio aos agricultores, a CNA procura “atenuar os desequilíbrios existentes no seio do mundo rural, assim como sensibilizar os agricultores para a necessidade da manutenção e dignificação da agricultura familiar e tradicional como preservação do meio ambiente e como processo de desenvolvimento rural”.

Das reuniões realizadas com os agricultores foi unânime a opinião de que “estando o sector agrícola em crise, cada vez mais problemático e com maiores restrições e condicionamentos, é urgente fazer um bom planeamento e projecções adequadas a nível técnico, económico, financeiro e mesmo social, para promover o desenvolvimento”.

A CNA está neste momento a fazer um diagnóstico da situação agrícola de modo a conhecer as necessidades inerentes a cada freguesia. No entanto, e com base nos contactos já realizados, concluiu que “uma situação comum a todas as freguesias é o facto de grande parte da população rural que trabalha a terra, possuir um baixo nível de escolaridade, idade avançada e carências sociais que afectam e desmotivam para a continuação da actividade agrícola”.

Esta é uma realidade que serviu de base ao acordo assinado entre as duas entidades como modo de promover o desenvolvimento do mundo rural, através da criação de dinâmicas locais não só a partir da actividade agrícola como a montante e a jusante. Nesta perspectiva estão a ser traçados cenários que, com base num processo articulado, permitam dinamizar e, sobretudo, devolver o mundo rural às novas gerações.

Através dos programas AGRO e AGRIS há uma multiplicidade de apoios que passam por electrificação e caminhos agro-rurais, reconversão e diversificação na pequena agricultura, transformação e comercialização de produtos agrícolas, infra-estruturas hidro-agrícolas, valorização do meio ambiente,... que devem ser usados para fazer da agricultura um modo de vida digno e valorizado.

Para aproveitamento de todos os apoios ao dispor no âmbito do desenvolvimento rural, é necessária uma coordenação e colaboração entre todas as entidades envolvidas, de que se destaca o papel privilegiado das juntas de freguesia, como interlocutores mais próximos e conhecedores dos problemas e potencialidades das freguesias. Esta foi precisamente a perspectiva em que foi enquadrado o acordo entre a Associação de Freguesias e a CNA.