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31 de Março em Lisboa

OS CORVOS

António Bernardino Apolónio Piteira
 (1947-1973)

O Cadete António Piteira (X) na viagem de instrução
a bordo do NRP "António Enes".

CRÓNICA  DA  RESERVA  NAVAL
IN  MEMORIAM

O STEN António Piteira.

No 30.º aniversário da morte de António Bernardino Apolónio Piteira, o único oficial da Reserva Naval morto em combate no período da guerra em África, a Revista da Armada manifestou o desejo de assinalar a data nas suas páginas.
A circunstância de ser acontecimento único na História da Reserva Naval, seria, por si só, motivo para relembrar esse triste facto.
Mas não só. É que a simples referência ao seu nome, traz à memória dos camaradas que mais de perto conheceram António Piteira, a personalidade de um jovem que profundamente marcou quem o conheceu. E, curiosamente, não pela sua acção de forte liderança ou de imposição de vontade superior aos demais, mas apenas pela sua simplicidade e simpatia.
Normalmente, as recordações pessoais perduram quando assentam em acontecimentos relevantes que transformam a rotina de cada um, pela positiva, ou até quantas vezes pela negativa.
Muito raramente por terem a sua origem em actos de simplicidade, em manifestações de camaradagem, amizade desinteressada ou no simples contágio da alegria de viver.
Muito forte foi António Piteira, em vida, para manter entre os seus amigos o sentimento de tristeza e o carinho comovido que todos continuam a manifestar passado este longo período.
Os camaradas que o conheceram de perto, traçam o retrato fiel da sua personalidade, mais do que usando adjectivos “difíceis”, apenas com o sentimento da saudade.
Natural da freguesia da Quinta do Jogo, do concelho de Arraiolos, onde nasceu em 11 de Outubro de 1947, era filho do Augusto da Silva Piteira e de D. Balbina Rita Apolónio.
Deu os primeiros passos no ensino, nas escolas da sua região e por aí se manteve até ingressar na Faculdade de Direito de Lisboa.
A incorporação militar na Escola Naval interrompeu-lhe os estudos, iniciando-o numa nova fase da vida a que se entregou com contagiante entusiasmo, marcando os camaradas, que o promoveram, desde logo, a figura de proa na qualidade mais nobre da vida – a Amizade.
António Bernardino Apolónio Piteira pertenceu à Classe de Fuzileiros do 18.º CFORN, incorporado na Armada em 18 de Fevereiro de 1971.
Promovido a Aspirante FZ RN, em 13 de Outubro de 1971, frequentou o curso de Fuzileiro e foi destacado para Angola, onde chegou em 18 de Setembro do ano seguinte, com o posto de STEN, sendo-lhe entregue o Comando do 3.º Pelotão da Companhia N.º 1 de Fuzileiros.
No dia 2 de Junho de 1973, cerca das 08.00 horas, integrado numa coluna de viaturas do Destacamento do Zambeze que se dirigia em missão de serviço à Lumbala, foi alvo de uma emboscada inimiga.
Dessa emboscada, ocorrida na Picada entre Lumbala e Chilombo, a cerca de 10 Km desta última localidade, resultou a morte de António Piteira.
O relato da tragédia dessa manhã, descrito no auto oficial então levantado, é suficientemente elucidativo do heróico final de vida de António Piteira.
Querem os seus amigos recordá-Lo, não tanto pelo que aí se descreve, mas pela memória do que a todos legou na convivência diária, exemplo de um Homem Bom, que a todos entristece por ter sido o escolhido para tão dramático fim.
Porque a sua vida assenta apenas na simplicidade, não é fácil elaborar um texto dedicado à sua memória.
Somos tentados a escrever demasiado nestas circunstâncias. Faltam-nos as palavras que sabemos deverem ser escritas, mas que não conseguimos encontrar.
António Piteira ingressou na Armada, exactamente dez anos após a minha incorporação em 1961.
Nunca o conheci pessoalmente e já me encontrava na disponibilidade, há quatro anos, quando ocorreu a sua morte.
Acedi gratamente ao convite do Director da Revista da Armada para lembrar António Piteira nesta data, porque me tem bastado escutar quem o conheceu de perto para poder sentir-me à vontade para lhe traçar o perfil.
E este está evidente quando vemos e sentimos a profunda saudade que deixou com a sua partida.
Ao fim e ao cabo, não é um perfil traçado por mim. São os que o conheceram que me transmitem o seu carácter e personalidade. Fico-lhes grato por isso.
As palavras de Adelino Couto Rodrigues da Silva seu camarada de curso e também Fuzileiro, dão na sua simplicidade uma imagem de António Piteira:
“Na passagem do trigésimo aniversário da sua morte, recordo-o com eterna saudade e grande emoção. Afirmo ter sido um privilégio conhecê-lo e usufruir da oportunidade de com ele privar e me tornar amigo. Tinha muita vontade de viver e o destino pregou-lhe uma partida. Este Mundo louco tem destas coisas.
Até sempre, camarada amigo. Um dia, vamo-nos encontrar e retomar as nossas conversas, estupidamente interrompidas.”
Na página da internet que a AORN mantém, é dado o relevo possível à figura de António Piteira, no local onde se divulga a entrega do Prémio que tem o seu nome e que é atribuído anualmente ao cadete da Escola Naval que, de entre os seus pares, e por votação secreta e universal de todos os alunos daquela Escola, manifestar ao longo de quatro anos, as virtudes que se reconheciam no homenageado - Altruísmo, Camaradagem, Generosidade, Solidariedade e Simpatia.

José Pires de Lima
(4.º CEORN)

Actualizado em 26 de Fevereiro de 2006

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