Joaquim Bravo

Pintor

Nasceu em Évora a 7.12.1935.   Faleceu em Lisboa a 18.6.1990.

Joaquim Bravo frequentou o Liceu, em Évora, a partir de 1946. Aqui, conheceu Álvaro Lapa, Apeles Espanca e António Gancho, que se haveriam de tornar seus amigos. Foi aluno, nestes anos de juventude, de Vitorino Nemésio, a quem haveria de atribuir importante influência intelectual na sua vida.

Em 1957, Bravo muda-se para Lisboa, com o objectivo de frequentar o curso de Filologia Germânica, que acaba por nunca concluir. Entretanto, frequenta a tertúlia do Café Gelo, onde contacta com alguns artistas seus contemporâneos. Em 1959, já a fazer o serviço militar nos Açores, conhece Maria de Lourdes Canto Brum Cunha, com quem virá a casar.

Em 1962, vive entre Lisboa e Évora, e é neste período que começa a pintar de modo sistemático. Lê muito, à falta de obras de arte para ver. As suas primeiras pinturas demonstram uma influência certa do expressionismo abstracto americano dos anos 50. Mais tarde, destruirá muitas destas obras. No mesmo ano, conhece Palolo e, no ano seguinte, torna-se também amigo de António Areal e do crítico Rui Mário Gonçalves. Começa a trabalhar com a Galeria 111. Diz, por esta altura: «Lancei-me então na action painting, pretendendo como os japoneses fazer um signo único que dominasse o espaço e arrastasse toda a composição e todos os gestos menores, porque seus subsidiários».

Em 1964, parte para a Alemanha, onde ficará durante dois anos. Toma aqui contacto com a Abstracção Geométrica, que muito o entusiasma. De regresso a Portugal, muda-se para Lagos, onde estabelece um projecto de trabalho colectivo com Palolo e Álvaro Lapa. Nada se concretiza. Em 1967, torna-se professor do ensino secundário, profissão que nunca abandonará, por razões económicas.

Entretanto, sucedem-se as exposições individuais e colectivas. A sua obra evoluíra: depois das pinturas informais, desenha, em obras onde a gestualidade cria por vezes signos caligráficos, contidos em formas bem definidas. Surge o humor. Em 1963, por exemplo, The Hunting of the Snark (do nome de um conto de Lewis Carroll) é uma colagem sobre pintura de uma série de sapatos e botas, de sabor Pop. Em 1966, Ma Blonde é uma série de desenhos onde Bravo combina uma série de motivos aparentemente industriais, em tons de amarelo e azul. Tudo se passa, como se passará no futuro, como se o pintor procurasse a forma acertada, para parar assim que a encontra.

Toda a sua obra se desenvolve a partir deste processo de trabalho, sistemático, de procura de uma forma que pode, ou não, concretizar-se em pintura ou escultura. A ilha, a montanha, a tartaruga, o pato, a fonte, a lâmpada, como a que surge no último quadro que pintou, são algumas dessas formas. E, através delas, é também a história da arte que Bravo revisita, acrescentando o seu sinal a cada temática, a cada género: paisagem, género, história. Em 1980, por exemplo, fala da tendência para criar «uma emblemática (heráldica) vaga, ligada a uma percepção dos dados que tenho sobre a civilização sul-americana, ou talvez a ideia de fatalidade que sempre tenho sentido em relação às civilizações ditas primitivas».

Em finais da década de 70, o seu círculo de amigos, a que entretanto se tinham juntado os pintores José Miranda Justo e Xana, e o fotógrafo Luís Campos, está completo. Continua a trabalhar, ao mesmo tempo que permanece atento à arte sua contemporânea e à obra de artistas mais novos. Pedro Cabrita Reis e João Paulo Feliciano são dois destes artistas.

Em 1989, pede uma bolsa à Gulbenkian, com o fim de poder deixar o ensino e dedicar-se inteiramente à pintura e a alguns projectos de escultura. Contudo, a resposta tarda. Joaquim Bravo morre no ano seguinte, de doença prolongada.

Actualizado em 26 de Fevereiro de 2006

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