Olaria M. Beijinho Lda

Olaria Tradicional do Alentejo - Portugal

            

 

Glossário

 

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Para o desenvolvimento da nossa Conversa à Volta da Olaria em S. Pedro do Corval, propomos o diálogo a partir de alguns termos relacionados directamente com a Olaria e os Oleiros, retirados do Vocabulário Português e Latino,do P. Raphael Bluteau, valorizando desta forma uma perspectiva histórica, uma vez que a obra foi impressa no primeiro quartel do século XVIII; esta obra procura curiosamante a raíz etimológica das palavras, e investigámos precisamente algum do vocabulário que ainda hoje é usado em S. Pedro do Corval - especialmente no que respeita à designação das peças, a maior parte das quais já referenciadas atrás, e que, cada vez mais, já faz parte da História. Transcrevemos as definições respeitando o vocabulário da Obra, tentando precisamente encontrar explicação para a terminologia ainda hoje empregue nas oficinas de Olaria; o diálogo foi apoiado com a projecção de diapositivos de algumas das peças mencionadas.

Olaria ou Olleria - " As logeas dos oleiros. O lugar onde se faz a louça, derivando do latim Tiglina,ae". Surge também o termo Ollaria " como derivado do latim olla, panella, pede dois ll".

Oleyro ou Oleiro - " Official que faz a louça, obra de barro. Agatocles, que foy filho de um oleyro, e depois veyo a ser Rey da Sicilia, mandava que sempre lhe pusessem na mesa entre os vasos de ouro, e prata, algum de barro; e diziz que para dar graças aos deoses, que o levantarão de oleiro a Rey, fazia esta demonstração, como também para se não ensoberbecer, lembrandolhe que mais fácil era de Rey ser oleyro que de oleyro Rey".

Roda de Oleiro: Rota figularis,is - " Dizem que Anacharsis, natural de Scythia, fora o inventor della; atribuem outros a invenção desta roda a Hyperbyon Corintho. Da roda de oleirodiz Horacio na Arte Poética: Amphora coepit Institui, currente rota cur urcens exit".

Vários termos a ela ligados e ainda hoje usados em S. Pedro do Corval não constam do Vocabulário, tais como alpiota, ou mesmo arquina, que é a banca de alvenaria onde assenta a roda.

Passemos agora à designação de algumas peças:

Alguidar - " Vaso de barro, com maior circunferência que fundo. Não he facil achar palavra própria latina. Capedo,onis, entre os romanos, era hum vaso largo, e espécie de alguidar, de que usavão nos seus sacríficios. Poderaselhe acrescentar o epitheto fictilis. Certo poeta, traduzindo estas palavras de Virgílio, Spumata cymbia lactis, diz alguidares cheios de leite. Porem cymbium era hum vaso de feição de barquinho", reconhecendo com terminologia própria o alguidar de amassar pão como artopta,ae.

Azado ou Póte azado - " Aquelle que tem azas. Piota,ae. Esta palavra vem do grego, e propriamente significa pote de duas azas".

Bacia - " He o nome generico de vasos de barro, ou de arame".

Barro - " Terra gorda, com que se fazem púcaros, louça, etc. Argilla". Frisemos que se cita também o barreiro, ou barreira para tirar barro.

Barril - " Vaso de barro com grande bojo e pequeno gargalo em que bebem os homens do campo. Toma o seu nome ou de barro, de que é composto, ou da barriga que tem. Cadus Argillaceus."

Cantara, Cântara - " Chamão no Minho ao vaso de barro, em que se deita água. He a modo de Quarta com huma aza, mas com boca mais larga".

Cantaro ou Cântaro - " Vaso de barro, e especie de quarta: Serve de ter agoa. Fictilis hydria,ae. Urna,ae. Fem. Urceus,i, Masc.".

Caneca - " Caneca de vinho. Vaso de louça com bojo e gargalo. Lagena,ae."

Cassoula ou Caçoula - " Deriva do francês Cassollete. He hum vaso de dois fundos, no mais baixo mete o fogo e no mais alto os cheiros, que exhalão pelos buraquinhos da cobertura do dito vaso". Também nos é dito que Caçoila ou caçoula na Província de Trás-os -Montes era tigela de fogo.

Caços - " Vasos de barro ou alfaias de pouco valor".

Caco - " Fragmento de vaso de barro, panela, alguidar, etc."

Enfusa - " Quarta pequena de barro. Parva amphora, urna argillacea,ae."

Ferrado - " Vaso em que se ordenha". Somos depois remetidos para o termo Tarro, identificado como de cortiça, e usado pelos pastores para ordenha.

Frigideira - " Instrumento de cozinha que serve para frigir. Sartago, ginis."

Fogareiro de barro - Já citado por Séneca, deriva, segundo Raphael Bluteau, do termo foculus ou focus fictilis.

Panêla ou Panella - " Vaso de barro, em que se coze carne, hervas, e outras couisas para comer. Olla,ae."

Púcaro - "Vaso a modo de taça, em que se bebe. Em alguns Dicionários, se acha por espécie de jarro, ou quarta, em que se deita água." É feita também referência a púcara e a pucarinha, remetendo o Autor para Agostinho Barbosa, que no seu Dicionário indicava estas palavras como sinónimo de panela e panelinha.

Quarta - " Vaso de barro em que se deyta água. Urna ou Hidrys fictilis ou Urceus,i".

Quartão - " Medida de vinho. He hum vaso de barro, que leva três canadas, que he a quarta parte de hum almude. Serve para medir vinho e azeite."

Talha - " Vaso de barro, de grande bojo, e boca estreita. Antes quero chamarlhe com periphrasis, vas aquarium argillaceum, ventrosum, ore augusto, quod Lusitanis vocant Talha, do que darlhe algum nome proprio dos vasos de água de que usavão os Antigos, e pouco ou nada se parecem com as nossas talhas. Porque os Latinos chamarão Hydria, Testa, Urna, Labrum, não tem figura de talha. Nem eu chamara a uma Talha de azeite olei labrum ainda que diga Catão em De re Rust.: Oleuem in labruim indita, inde inalterum dolium, de his labris amarcum semper fecemque detrahito. Porque labrum ( como advertio Calepino), est vas patulum, & como já temos dito, não tem a talha a boca larga e estreita em comparação com o seu grande bojo."

Tarefa de azeyte - " He como caldeyra de barro com grande bojo a modo de talha, mas muito mais estreita no fundo. Para este vaso corre o azeyte, e a água ruça das ceyras, e nelle se purifica o azeyte e se aparta da água ruça, indo para huma espécie de quartão, que esta tem no fundo, donde depois sahe por hum buraco."

Testo - " Fragmento de vaso de barro" ou " vaso de barro, não vidrado, em que se deyta a cal para cayar. Fidelia,ae." Repare-se que o termo tosco nãoé citado, e que o termo vidrado, quando o pesquisámos, nos remeteu para envernizado, aplicado apenas às actividades de pintura e marcenaria.

Tigella - " Vaso concavo, em que ordinariamente se poem sopas, doces e outros manjares; gabata,ae; scutella, scutula. Todas estas palavras são latinas e dellas poderemos usar neste sentido, até haver quem nos declare bem a diferença dos seus significados". Curiosamente, surge também referida Tigelinha de cor ou de arrebique, embora este termo se referisse ao papel de arrebique, vendido nas tensa (lojas), com funções de maquilhagem.

Salgadeira - Surge descrita com funções de conservação de carne e peixe salgados, sendo porém aconselhada a madeira de pinho como a que melhor cumpria as funções, não sendo mencionado o barro. Mas até há bem pouco tempo nas casa alentejanas as salgadeiras existiam e precisamente com a função de conservação.

 

 

Na cerâmica de obra, ou seja, de construção, reconhece o autor vários tipos de telha, ou tegula,ae; temos a telha chata, a telha côncava, as telhas à maneira de cano. Descreve também as casas de telha vã, em que nos telhados só aparecem ripas e telhas. Curiosamente, vejamos a centuação: telhâdor, é o oficial que faz telhados e o telhadór como o objecto que tapa a tigela de barro. Vejamos alguma teminologia encontrada e que se aplica ainda hoje na cerâmica de obra em S. Pedro do Corval:

Adobo ou Adobe - " Especie de ladrilho grosso, não cozido ao fogo, mas seco ao sol. É o later crudus citado por Plínio."

Ladrilho - " Barro amassado, cortado à sua medida, enxuto ao sol e cozido no forno. Ha tijolo e ladrilho de lagem. Later. Ainda que pareça diminutivo, laterculus era usado pelos Antigos no mesmo sentido que Later". Desta forma, ladrilhar uma casa seria fazer pavimento de ladrilho, sendo apontadas as formas quadrada, redonda e hexagonal, como as de fabrico mais comum.

O Autor, no que concerne à descrição de fornos, descreve apenas os de cal ou calcaria fornax, que apresentavam uma pequena abóbada, muito baixinha, de uma só entrada.

 

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Last modified: Janeiro 10, 2001
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