Olaria M. Beijinho Lda

Olaria Tradicional do Alentejo - Portugal

            

 

Historial da Olaria

 

Up

A Olaria em S. Pedro do Corval: um legado do passado a preservar no futuro

 

S. Pedro do Corval é sede de freguesia do concelho de Reguengos de Monsaraz, pertencendo ao distrito de Évora, cidade de que dista cerca de 42 quilómetros. Durante o período da Restauração, conheceu a aldeia, bem como toda a zona, grandes incursões de castelhanos, a que se seguiu, historicamente, um período de estabilidade, marcado pelo crescimento da aldeia em relação aos aglomerados populacionais da zona (tendência que ainda hoje mantém). Em 1757, tinha 278 fogos, segundo a Estatística Civil de 1864 teria 1527 habitantes e, na Estatística paroquial de dois anos antes, 343 fogos e 1429 habitantes, evoluindo em 1868 para 355 fogos. Os Censos entre 1890 e 1930 dão-lhe um aumento progressivo e simultâneo de habitantes e fogos, apresentando na primeira data 448 fogos e 1680 habitantes e em 1930, 516 fogos e 2240 habitantes.

Neste contexto, e elucidando da importância da prática da olaria na economia da aldeia, temos em 1905 existiam na aldeia 30 olarias, sendo 4 de talhas para o vinho e 6 de tarefas para a aguardente, o que demonstra a importância da localidade também na produção vinícola. Em 1960 as olarias seriam 24, sem serem descriminadas distinções. Em 1984 tínhamos 33 olarias, das quais 16 se dedicavam à produção de louça tosca; cerca de 94 pessoas estavam ligadas à actividade, existindo 71 rodas de oleiro, 43 fornos, sendo um deles eléctrico, 20 máquinas de amassar barro e 3 máquinas de moldes. Dados actualizados - inícios de 1996 - recolhidos pela Junta de Freguesia da localidade indicam a existência de 34 olarias, 51 mestres oleiros, 3 aprendizes, 16 serventes, 123 pintores ( dos quais a esmagadora maioria são do sexo feminino), além de cerca de 47 pintoras que trabalham à peça, em casa; os totais apontam para um conjunto de 170 pessoas directamente ligadas à actividade.

Diversas são as tipologias e as tentativas de sistematização da olaria e da cerâmica no nosso País, propondo-se até linhas cronológicas definidoras de técnicas, e que da louça lisa se teria chegado à esmaltada, passando pela empedrada, pela louça com desenhos rudes, pela louça polida, pela louça pintada, pela louça com decoração em relevo e pela louça envernizada; o que é facto é que todos estes processos foram e são utilizados, daí que o fundamental na arte oleira seja a forma das peças, destinadas ao fim que as mãos do oleiro lhe conferirem: temos, pois, o elemento permanente - a forma -, e o elemento contingente - a decoração- , que se completam e que explicam a simbiose entre a permanência e a contingência na arte popular.

Os oleiros do Alto Alentejo, e também os desta aldeia, produziram, ao longo dos anos, as grandes peças (obra grossa) e as peças de pequeno porte, de utensilagem essencialmente doméstica (obra miúda). Se estava na localidade, em inícios do presente século, bem definida a grande divisão entre toscos e vidrados, é sobretudo de referir a existência de peças de grande porte, que serviam para conter grandes quantidades de vinho, azeite ou água: eram peças toscas exteriormente, pesgadas ou enceradas no interior, e raramente decoradas - as talhas. Diz-nos Orlando Ribeiro: "(...) Em relação aos utensílios de cerâmica, largamente difundidos em todo o país, a originalidade do Alentejo consiste em ter conservado, de uma herança mediterrânea, o vasilhame para líquidos, principalmente para vinho, preparado e guardado no resto do país , em pipas e tonéis de madeira. Neste sentido, é mais uma das expressões da civilização do barro própria desta região." Em plena década de sessenta o seu fabrico é ainda vigoroso, lembrando a sua designação, utilidade e forma os potes romanos para azeite, vinho ou cereais ( dolia ou linacula). Constituídas por três partes - a enchente, o capelo e o gargalo, de baixo para cima - apresentavam, pois, fundo estreito, relativamente ao largo bojo, e também com estreito gargalo ( por vezes decorado com pêz), que na referida década eram carimbados com carimbos de barro informando do seu autor - em peças idênticas, de séculos anteriores essa identificação era feita por outros símbolos ( cruzes de formas diversas, por exemplo), colocados um pouco abaixo do gargalo.

Na década de quarenta, as peças produzidas assistem a uma fase de aperfeiçoamento: quanto ao sistema de aplicação de tintas ( as peças já eram riscadas a prego, apesar de as cores não sofrerem variação); na raspagem da louça e dos "encasquelhamentos" dos fornos ( passaram a utilizar-se baldosas com mais frequência, resguardam-se as fendas com barro para evitar que a acção do fogo se faça directamente sobre a louça); no sistema de enforna, cada vez mais cuidada; e até introdução da panela de duas asas e dos caldeirões ( forma como a caçoila, com base mais oval e asas mais salientes) a pedido do mercado algarvio. Acrescentem-se também os azeitoneiros, decorados e vidrados, e os peixeiros, peça vidrada, com o formato de um prato mais fundo, sem bordo, com buracos no fundo para deixar escapar o óleo da fritura ou a água da cozedura. Flores isoladas ou em grupos de três ornam os vasos, saladeiras, e pratos com bordos de decoração geométrica. Desenvolve-se cada vez mais a louça salpicada, em que se misturam salpicos brancos, verdes, amarelos sobre os fundos vermelhos; os alguidares vêem a sua decoração enriquecida - decoração com linhas geométricas curvas, destacando-se em amarelo do fundo vermelho. É a década de sessenta notória na evolução nas técnicas de decoração, tal como na profusão de algumas peças vidradas que, até então, eram apenas produzidas como peças toscas. Na década seguinte assistimos à proliferação de novas peças - terrinas, rebuçadeiras, serviços de café e chá, bonecos, etc.- novos formatos, e, na maioria das peças tradicionais, decoração mais apurada, devido ao surgir de uma enorme gama de novas cores, com controle químico. Assiste-se, pois, a um crescente abandono das peças utilitárias em favor das decorativas, com um aliado cada vez mais imponente - a mecanização - que tendencialmente conduz ao surgir de indústrias e industriais de cerâmica em vez de olarias e oleiros. Porém, velhos testemunhos se mantêm ainda em funcionamento, de que os fornos são exemplo, solicitando processos seculares de enforna.

Interessa cada vez mais dirigir a nossa atenção para o que nas olarias existentes na localidade ainda existe, em termos de peças e de técnicas mais antigas, sem a presença da mecanização; importa inventariar o que ainda de artesanal subsiste, pois é essa dimensão que identifica e individualiza a aldeia em todo um conjunto de peças e processos de fabrico enraizados na história da região e do País. Merece essa identificação, única, uma preocupação no sentido da salvaguarda e valorização de algo que é parte integrante do património histórico-cultural alentejano: a Arte Oleira.

 

Antónia Fialho Conde

REGRESSAR AO INÍCIO

 

 

CONVERSAS À VOLTA DA OLARIA:

 

A OLARIA EM S.PEDRO DO CORVAL -UM PATRIMÓNIO A PRESERVAR

 

 

Maria Antónia Marques Fialho Costa Conde

A Cerâmica surge-nos como uma das manifestações mais reveladoras da Cultura das Civilizações, de que são exemplo os Assírios, os Caldeus, os Egípcios, os Persas e os Chineses.

Além do problema da porosidade, é o da acção do fogo sobre a pasta de extrema importância para o surgir da obra feita, resultando efeitos tanto mais belos e perfeitos quanto mais habilidosamente os efeitos do fogo forem dominados - citemos o caso da porcelana como exemplo dessa perfectibilidade; para a decoração, vernizes e esmaltes, também submetidos à acção do fogo, são usados, atingindo uma impressionante gama de tons. Temos que, também no Oriente, a cerâmica foi desde cedo usada como aliada da Arquitectura para fins ornamentais - revestimentos murais de azulejos polícromos, tijolos esmaltados, pavimentos de ladrilhos, cobertura de cúpulas e telhados com material cerâmico, são disso exemplo.

Em Portugal, predominam os terrenos argilosos ao longo da zona costeira e abrangem sobretudo a sua metade norte - Viana do Castelo, Porto e arredores, distritos de Aveiro e Coimbra, e, na Estremadura, Leiria, Caldas da Rainha, Lisboa e arredores; para sul, é no Alentejo já fora da zona costeira que se encontram os barros de melhor qualidade. Segundo os geólogos, a presença da argila corresponde aos afloramentos do Cretácio e do Pliocénio, numerosos, de acordo com a abundância de barreiros dispersos pelo País. Dentro das argilas que temos em Portugal, distinguem-se os caulinos, as argilas especiais refractárias (utilizadas na indústria cerâmica branca - porcelana e faiança- e na indústria de refractários ) e as argilas comuns ou barros vermelhos ( para argila cerâmica ou estrutural).

O foral de Leiria de 1195, onde se fala de olaria e tegularii , é o documento mais antigo em Portugal com referência expressa à olaria; a loiça produzida era variada, desde alcatruzes de nora aos utensílios de cozinha, donde se destacavam peças de barro vermelho.

Em pleno século XVI definem-se, por todo o País, nos Regimentos e Posturas Municipais, a composição das argilas, o rigor das cozeduras, a exigente preparação dos artífices, o controle da produção e até as normas de comercialização. Neste século não existem fábricas especiais para o azulejo, sendo até produzido nos locais de fabrico da louça de faiança e cozido nos mesmos fornos. Porém, surge nesta época referência especial aos telheiros que, como os de louça verde vidrada ou de louça branca pintada, tinham o seu juíz de ofício, enquanto os oleiros de loiça vermelha a isso não tinham direito. Referente a Lisboa, e para o século citado, encontramos documentação que bem diferencia, de entre os vários ofícios, as especialidades dos oleiros: contaria a capital na altura com 360 forneiros para 20 fornos de cal, 2 fornos de vidro, 8 fornos de louça vidrada, 28 fornos de louça branca, 49 fornos de louça vermelha e 16 fornos de tijolo e telha; os oleiros de azulejo seriam 13, e 16 os telheiros que faziam telha e tijolo; os dados parecem-nos por si só conclusivos, porém destacamos a intensa actividade que teriam os oleiros de louça utilitária - louça vermelha, com a esmagadora maioria dos fornos, e também a importância da actividade na construção, com os fornos de telha e tijolo, correspondendo precisamente ao número de oficiais que a isso se dedicava.

Os fornos de cozedura também terão sofrido alterações no século XVI, que até aí eram de tipo "moiro", de forma a permitir o cozimento de pastas mais duras e a fusão do vidrado com altas percentagens de estanho; eram os chamados "fornos de Veneza". Depois do Tratado de Methuen (1703), assiste-se, em especial na zona de Lisboa, à influência francesa - modelos da Real Fábrica do Rato -, que se reflectiu também na decadência de algumas oficinas. Com o referido tratado também influências inglesas se fizeram sentir - louça de pó de pedra ( porque na composição da pasta está a presença de pederneira calcinada)- ; a pastilhagem, a estampagem, formas e moldes - numa palavra, industrialização - invadem a cerâmica portuguesa a partir do século XVIII, adquirindo as oficinas, no último terço deste século, com Pombal, características concorrenciais europeias. Perspectivas de exportação são também adquiridas pelas fábricas de barro vermelho, com o tijolo, a que pouco depois se juntaria a telha.

 

Especialmente no sul do País, devido à mais prolongada presença árabe, muitos dos elementos estruturais e acessórios usados na construção são produto da cerâmica: em interiores e exteriores, nas coberturas, paredes resistentes e paredes de compartimentação, nos pavimentos, nos resguardos de varandas, no revestimento de silhares ou painéis nas paredes, na ornamentação de tanques e de fontes aí notamos os tijolos, as telhas, os ladrilhos, as baldosas, os lambazes, os ladrilhos sextavados, etc., que acabariam por ser caracterizadores, em pleno século XVI, de uma variante arquitectónica muito própria - o manuelino mudéjar - no panorama artístico português do século XVI. Elemento já estudado é também o da indiscutível presença de inúmeros vocábulos de origem árabe aliados à olaria - quer ligados ao ciclo produtivo quer à obra produzida - e que ainda hoje são usados nomeadamente no caso que estudamos - S. Pedro do Corval.

Diversas são as fontes escritas que nos permitem obter alguns dados sobre a importância da actividade; Évora não é excepção, e também na Biblioteca Pública e Arquivo Distrital encontramos documentação vária relativa à olaria, sobretudo em documentos pertencentes aos Arquivos da Câmara; na obra de Gabriel Pereira vimos publicados alguns documentos relativos à actividade, porém assinalemos alguns outros que se nos afiguram significativos para a actividade em Évora e que se desenvolveria de modo similar em regiões limítrofes.

Já nas Posturas Municipais de Évora de 1375 e de 1377 algumas peças de olaria são referidas, antepassadas das actuais, sendo ainda possível a partir da produção de algumas olarias de S. Pedro do Corval, estabelecer alguns paralelismos com o que então se produzia: são citados cântaros, talhas, infusas, asados, panelas, púcaros, potes, caldeirões, tigelas, alguidares, frigideiras ou sartans, candeeiros e, numa actividade demarcada, que era a dos telheiros e tijoleiros, as telhas, tijolos, ladrilhos, baldosas, alcatruzes e canos.

Dentro do Regimentos dos ofícios, citadas documentalmente estão as normas que diziam respeito aos oleiros; também de referir um Acórdão sobre a maneira de fazer fornos e fornalhas; interessante documento, de 15 de Dezembro de 1515, a partir da própria cidade, em que o Rei, por carta , se dirige à Câmara, pois havia sido informado que os tijolos que se faziam na cidade, numa tijoleira guardada na Câmara eram demasiado grandes, ficando os tijolos mal cozidos, o que originava os protestos de pedreiros e outros oficiais , que exigiam uma forma mais pequena; o rei dá instruções para que se ponha a uso uma forma mais pequena, devendo ficar na Câmara com os outros padrões das medidas e pesos. Do facto derivava que, se o milheiro dos antigos tijolos era vendido a 500 réis, os deste tamanho deveriam no máximo ser vendidos a 470 réis a mesma quantidade.

Também o estatuto social do oleiro preocupava o poder central, daí que o Rei em Alvará de 1 de Setembro de 1520 defenda que "nenhuma pessoa de escudeiro e dahi para cima faça ou mande fazer telha ou tijolo, ainda que seja para suas obras proprias. Eso possam fazer aquellas pessoas que são officiaes da dita telha e tijollo e por suas maõs fizerem" ,sendo o mesmo Alvará coercitivo para os que o quebrassem.

Autorizações régias para construção de forno de tijolo no Rossio de S. Brás, cabendo à Câmara a indicação do lugar conveniente, em 1521;Alvará régio de 1573 concedendo licença aos oleiros da cidade para poderem tirar barro nos locais a indicar pela Câmara , devendo os oleiros pagar às pessoas proprietárias das terras "donde tiraram o dito barro, perda que disso receberam, e a novidade que por essa causa perderam"; sentença em 1675 a favor dos oleiros precisamente contra a proprietária de um dos ferragiais da zona escolhida para a extração do barro - ao Chafariz d’El Rei -, que não autorizava que o barro fosse retirado, diversos aforamentos a oleiros e seus familiares - aforamento de duas casas, umas à Porta Nova, onde se vendia louça e outras na alcárcova, a um oleiro, em 1473; de umas casa na Rua Direita ao filho de um oleiro nesse mesmo ano ; aforamento de um chão às Portas de Alconchel, zona também de olarias, a um oleiro em 1495; aforamento de um forno de telha a outro oleiro dois anos depois  ; uma Provisão do Desembargo do Paço à Câmara da cidade, em 1700, para que a nomeação dos Fiéis para aferirem as medidas " de páo e barro cada huma de per si" fosse anual e não perpétua, são apenas alguns exemplos da importância da actividade em Évora.

Em toda a região de Évora é a actividade documentada desde tempos ancestrais, confirmada por dados arqueológicos, o mesmo se passando em toda a envolvência da localidade, pois a aldeia encontra-se num local dotado de bons barreiros, garante do abastecimento dos oleiros locais e motivo de atracção de outros de zonas limítrofes - provavelmente do Redondo.

S. Pedro do Corval é sede de freguesia do concelho de Reguengos de Monsaraz, pertencendo ao distrito de Évora, cidade de que dista cerca de 42 quilómetros. Foi a zona fustigada durante o período da Restauração, conhecendo devastadoras incursões de castelhanos; segue-se, do ponto de vista histórico, um período de estabilidade, marcado pelo crescimento da aldeia em relação aos aglomerados populacionais da zona (tendência que ainda hoje mantém). Em 1757, tinha 278 fogos, segundo a Estatística Civil de 1864 teria 1527 habitantes e, na Estatística paroquial de dois anos antes, 343 fogos e 1429 habitantes, evoluindo em 1868 para 355 fogos. Os Censos entre 1890 e 1930 dão-lhe um aumento progressivo e simultâneo de habitantes e fogos, apresentando na primeira data 448 fogos e 1680 habitantes e em 1930, 516 fogos e 2240 habitantes.

Neste contexto, e elucidando da importância da prática da olaria na economia da aldeia, temos em 1905 existiam na aldeia 30 olarias, sendo 4 de talhas para o vinho e 6 de tarefas para a aguardente, o que demonstra a importância da localidade também na produção vinícola. Em 1960 as olarias seriam 24, sem serem descriminadas distinções. Em 1984 tínhamos 33 olarias, das quais 16 se dedicavam à produção de louça tosca; cerca de 94 pessoas estavam ligadas à actividade, existindo 71 rodas de oleiro, 43 fornos, sendo um deles eléctrico, 20 máquinas de amassar barro e 3 máquinas de moldes. Dados actualizados - inícios de 1996 - recolhidos pela Junta de Freguesia da localidade indicam a existência de 34 olarias, 51 mestres oleiros, 3 aprendizes, 16 serventes, 123 pintores ( dos quais a esmagadora maioria são do sexo feminino), além de cerca de 47 pintoras que trabalham à peça, em casa; os totais apontam para um conjunto de 170 pessoas directamente ligadas à actividade.

 

Os Inquéritos Industriais de 1890, publicados em Lisboa em 1891, referem, para Évora, a existência no capítulo da Cerâmica, a Olaria entendida como fabrico de louça ordinária, vermelha ou preta, telha e tijolo; os principais produtores seriam o Visconde da Esperança, na Quinta da Manizola, e Francisco Maria de Castro, na Azaruja, além de 8 pequenas oficinas.

Para o mesmo ano e nos mesmos moldes, mas para o concelho de Reguengos, é apontada a existência de 38 locais de produção do mesmo tipo; aos inquéritos da altura apenas 11 desses locais de fabrico responderam, apontando-se assim para uma média de trabalho por ano entre 60 a 230 dias e de uma duração média diária do trabalho entre as 8 e as 12 horas (dependendo de luz do dia). O seu capital fixo seria de 3.165.000 réis e o circulante de 810.000 réis.

Acentuemos também que em 1895 em Acta da Assembleia de Reguengos se nomeiam os cidadãos eleitores e elegíveis por freguesia; analisando os dados relativos a S. Pedro do Corval, dos 188 nomes apontados 8 são oleiros, numa esmagadora maioria de proprietários agrícolas (150); é a profissão mais representada, seguida dos 7 sapateiros. Vejamos os nomes dos oleiros: Francisco Carrilho, Francisco Marques Ramalho, Francisco Nunes Oleiro, João Carrilho Vallada, José Caiero Alhito, José Dourado, José Pateiro e Manuel Carrilho Baião.

De referir também os dados que constam do Mapa Militar de 1965, onde se identificam junto a S. Pedro do Corval e dentro da localidade 6 fornos de tijolo ( fornos de obra), pertença de grandes proprietários, que os exploravam fora da época das ceifas, das vindimas ou da apanha da azeitona, empregando mão de obra masculina e feminina, esta última bastante esforçada. Fornos de cal também existiam, de que restam vestígios, bem como na proximidade da sede de concelho.

Após esta panorâmica, interessa limitar a nossa atenção para o que de facto foi alvo do nosso estudo: nas olarias existentes na localidade procurar o que ainda subsiste, em termos de peças e de técnicas mais antigas, sem a presença da mecanização; importa inventariar o que ainda de artesanal subsiste, pois é essa individualidade que identifica a aldeia em todo um conjunto de peças e processos de fabrico enraizados na história da região e do País.

Diversas são as tipologias e as tentativas de sistematização da olaria e da cerâmica no nosso País, propondo-se até linhas cronológicas definidoras de técnicas, e que da louça lisa se teria chegado à esmaltada, passando pela empedrada, pela louça com desenhos rudes, pela louça polida, pela louça pintada, pela louça com decoração em relevo e pela louça envernizada; o que é facto é que todos estes processos foram e são utilizados, daí que o fundamental na arte oleira seja a forma das peças, destinadas ao fim que as mãos do oleiro lhe conferirem: temos, pois, o elemento permanente - a forma -, e o elemento contingente - a decoração- , que se completam e que explicam a simbiose entre a permanência e a contingência na arte popular.

Os oleiros do Alto Alentejo, e também os desta aldeia, produzem as grandes peças (obra grossa) e as peças de pequeno porte, de utensilagem essencialmente doméstica (obra miúda). Se estava na localidade, em inícios do presente século, bem definida a grande divisão entre toscos e vidrados ( isto é, entre peças que são ou não banhadas em tinta vermelha, depois branca, e por último no zarcão, que lhes conferia o brilho, o que obriga a que as peças a vidrar vão duas vezes ao forno), é sobretudo de referir a existência de peças de grande porte, que serviam para conter grandes quantidades de vinho, azeite ou água: eram peças toscas exteriormente, pesgadas ou enceradas no interior, e raramente decoradas - as talhas. Diz-nos Orlando Ribeiro: "(...) Em relação aos utensílios de cerãmica, largamente difundidos em todo o país, a originalidade do Alentejo consiste em ter conservado, de uma herança mediterrânea, o vasilhame para líquidos, principalmente para vinho, preparado e guardado no resto do país , em pipas e tonéis de madeira. Neste sentido, é mais uma das expressões da civilização do barro própria desta região.(...) As vasilhas chamam-se talhas ou potes e podem ter dois metros e meio de altura, capacidade para 2000 litros e pesar 700 ou 800 quilos. Aí se lança o mosto com o bagaço, para fermentação, mudado depois para outras talhas semelhntes. Em baixo têm um buraco onde se mete o pipo, por cima são cobertas com papel ou pele de cabra, como a dos odres.(...) talhas mais pequenas e sem orifício usam-se para o azeite e para as azeitonas curtidas ( de tão importante papel na alimentação alentejana). Hoje até se empregam para guardar cereais; mas a carne de porco conserva-se em salgadeiras de barro (tinas de forma oval) e, em receptáculos semelhantes, deitam-se as azeitonas antes de preparadas e aparam-se as águas das goteiras do telhado(...)."

Em plena década de sessenta o seu fabrico é ainda vigoroso, lembrando a sua designação, utilidade e forma os potes romanos para azeite, vinho ou cereais ( dolia ou linacula). Constituídas por três partes - a enchente, o capelo e o gargalo, de baixo para cima -e apresentavam, pois, fundo estreito, relativamente ao largo bojo, e também com estreito gargalo ( por vezes decorado com pêz), que na referida década eram carimbados com carimbos de barro informando do seu autor - em peças idênticas, de séculos anteriores essa identificação era feita por outros símbolos ( cruzes de formas diversas, por exemplo), colocados um pouco abaixo do gargalo. Peças feitas sem roda, feitas em arcos sucessivamente acrescentados de forma simétrica, guiando-se o oleiro por contornos desenhados nas paredes da oficina (e que ainda hoje podemos ver), de acordo com as capacidades da talha - chegando algumas a atingir os 2200 litros. Auxiliado por uma palmatória e por uma foice, para o arredondar exterior e interior , respectivamente, da peça, a peça levava longo tempo a enxugar, exigindo depois para a sua cozedura um forno especial, mais alto e estreito que o usado para a outra louça, mas com o mesmo sistema de cozedura, já estudado por Charles Lepierre.

Eram enceradas, interiormente, se se destinavam a azeite e aguardente, e pesgadas (isto é, cobertas com pêz, matéria retirada da resina dos pinheiros) se se destinavam ao vinho. É de referir que a cera usada para o encerado era produto natural, obtido do tagarro dos favos das abelhas, indo ao lume com água sendo depois coado e só depois aplicado interiormente nestes recipientes. Tanto para o encerado como para o pesgado era necessário o aquecimento do recipiente, para que o material penetrasse melhor nos poros do barro, impermeabilizando-o. A aplicação do material teria que ser lenta, para maior absorção, e necessitava do archote (pau, com tecido à ponta) para "enfeitar" a peça (fazer a boca e o gargalo). Tais peças não se fabricam já há cerca de um quarto de século em S. Pedro do Corval. É de destacar que as talhas, alguns potes, a tarefa, e o cântaro foram medidas, daí a sua designação e a referência constante aos alqueires que suportavam.

Esta técnica é usada ainda hoje, em parte, em algumas peças, pois as que a seguir passamos a descrever são já todas peças de roda: as tarefas, de lotes distintos, conforme os alqueires que suportavam, conservando ainda a designação: de dois alqueires, de alqueire e meio, de alqueire, de meio alqueire e de quarto de alqueire( quarta); sendo estes os lotes mais frequentes, algumas ultrapassavam os dois alqueires; são também peças feitas em três partes, uma até ao meio, outra até à barriga e depois o gargalo, sendo necessário calcular com exactidão a altura da sobreposição das partes; com os tinocos , que hoje são apenas pesgados mas que já foram também encerados, peças mais arredondadas, com gargalo baixo.

Por terem um certo brilho, fornecido pelo pesgado ou pelo encerado, estas peças são genericamente inseridas nos vidrados de então, onde ainda entravam: o asado, peça com duas asas, acima dos 5 litros de capacidade, com lotes de designação muito interessante - o maior era o de dois tostões ( 200 réis), depois o de tostão e meio, o de tostão, o de três vinténs (60 réis), que era dos lotes mais pequenos, mas o lote que encerrava a série era o de cruzado (400 réis) a dúzia.

No grupo dos asados, abaixo dos 5 litros de capacidade, e peças que ainda hoje se produzem, temos a panela e a chocolateira , com os seguintes lotes: de 12, de 9, de 8, de 7, de 4 e de 3, o que correspondia aos vinténs a que era vendida a dúzia das peças.

Produzem-se ainda os alguidares - de cruzado, de 12, de 9, de 4 e de 3 vinténs, de tostão, de 7,5 vinténs (tostão e meio), e de 2, 3, 4 e 5 tostões-, cujo interior é decorado com linhas geométricas curvas, que se destacam em branco do fundo vermelho ( estes arcos podem ser concêntricos ou não, podendo também assumir a forma de meias-luas, pintadas com argila líquida branca depois da secagem do engobo vermelho; o alguidar a decorar é tomado na mão esquerda, um pouco acima de uma vasilha com argila branca situada no chão; o oleiro mergulha aí o dedo, desenhando muito hábil e rapidamente uma série de arcos na zona mais alta a decorar; o motivo é reproduzido quatro a seis vezes, girando-se o alguidar na mão esquerda; toma depois o fundo do alguidar nas duas mãos, mergulhando uma parte do bordo na vasilha, sendo assim traçadas as meias-luas) as tigelas de fogo, as caçoilas ( de 400 -cruzado-, de 12, de 9, de 7, de 4 e de 3), as frigideiras. Porém algumas ganharam um cunho tipicamente decorativo desde à cerca de vinte anos, não sendo já peças de barro vermelho mas sim peças brancas vidradas - bacios, bacias, tigelas e saladeiras, frigideiras e sobretudo os pratos; convém também destacar que a decoração em inícios do século sobretudo dos pratos e saladeiras se baseava em três cores: o amarelo (bicromato de potássio), o verde ( sulfato de cobre) e o vermelho ( cor fabricada na oficina, a partir do barro natural); o modo de decoração era essencialmente através de flores feitas em papel, técnica que viria a ser substituída pelo risco a prego.

Na louça vermelha, ainda uma palavra para o bicado, jarro para vinho em que se salienta um bico no bordo, os púcaros e canecas, ainda hoje produzidos.

Passemos às peças toscas, frisando sempre as que ainda hoje podemos encontrar. Temos o cântaro, que vai do lote de terceira ao de quinta; aquele é o maior, sendo também chamado de dedada ( o oleiro punha-lhe uma dedada na asa); com o mesmo formato, mas com maior elegância, a enfusa e a enfusinha, mais pequenas que o cântaro.

Existia também a enfusa almeiceira, que era vidrada por dentro e com o bordo branco, servindo depois para guardar o almeice. Citemos uma peça para transporte de líquidos em viagem - o moringue - que também podia surgir como peça tosca, mas que pela dificuldade de execução - cilindro em barro que adquiria depois a forma circular, com o centro em vão - pertencia quase exclusivamente à categoria dos vidrados; devido à forma circular da parte que continha o líquido, exigia assento, daí a existência de um pé; tinha também uma asa e dois orifícios para entrada dos líquidos. São peças hoje pouco solicitadas, daí a sua inexistência nas oficinas.

Pertence ao grupo das peças toscas a peça elementar da vida do oleiro: o testo, que simboliza o princípio da aprendizagem, de tamanho variável consoante às peças a que se destina: cântaros, chocolateiras e panelas, essencialmente.

Cabem ainda neste grupo peças como o fogareiro, vários lotes e modelos - de contoeira, de parede, e os tradicionais, de forma cónica - de vasos, assadores de castanhas, piporros ( uma espécie de barril, só com a diferença de ter duas saídas para a água e só uma asa; a sua origem é provavelmente espanhola, daí o ser também conhecido na localidade como purron), barris ( essencialmente de duas formas - o espalmado - batido com lateralmente de modo a ficar com duas supefícies lisas opostas de molde a que não rodasse dentro das barrileiras dos carros de burro, e o ganadeiro, espalmado de um dos lados, com argolas em barro que permitiam a passagem de uma corda para mais fácil transporte) a grande salgadeira , com capacidade de 10 a 25 litros ( para conservação do toucinho), o tino ( para lavar roupa), o púcaro tosco ( acompanhando barris e enfusas nos trabalhos dos campo), a braseira tosca, a caçoila tosca e o ferrado ( usado para auxiliar na ordenha, permitindo o seu afunilado bordo transferir o leite com segurança para outras vasilhas) , peças em desuso, em especial as inicadas a partir da salgadeira, inclusivé.

É altura de nomear uma enorme gama de brinquedos, peças toscas e vidradas em miniatura - alguidares, enfusas, barris, fogareiros, mealheiros, panelas, etc. - de que os mais produzidos actualmente são as enfusas, mealheiros e barris, em tosco, e que são fiel reprodução dos exemplares maiores.

Na aldeia subsiste apenas uma oficina que se dedica ao fabrico de peças que até à cerca de vinte anos tinha foros de autêntica indústria, com as suas oficinas e operários: referimo-nos ao fabrico de baluartes ou lambazes, do tijolo e da telha. Os seus fornos eram os chamados fornos de obra ( obra pois a sua aplicação seria para a construção civil) e convém salientar um dado importante: em quase todas as herdades ( Barrocal, Duque, Amoreiras, Azinheira, etc.) que rodeiam a aldeia existiam fornos de obra, e tivémos ocasião de visitar alguns ; a produção era dividida em quatro tipos de obra - a telha, o baluarte ( com 8 x 15 x 30 cm) o adobo ou ladrilho de sol ou de sombra (conforme tivesse sido o processo de secagem ficando os de sombra muito mais duros) destinados a pavimentos, e o tijolo das abóbadas (coberturas) com dimensão do baluarte, embora com metade da espessura. Localizavam-se os barreiros próximos da zona do forno, e, no Verão, homens e mulheres com tarefas distintas aí trabalhavam: os homens no cavar e amassar do barro, feitura da obra, seu empilhamento e cozedura; as mulheres no transporte ( por baldeação), raspagem com foice antes da entrada no forno, enforna e desenforna. Também na localidade o número destes fornos - normalmente de caldeira subterrânea, com quatro arcos formando a caldeira e que suportavam pilares paralelos com intervalos para o calor passar que vinham nivelar com o solo e sobre os quais como os demais - mas sem tecto, que seria feito com barro após cada enforna, da mesma forma que eram tapada as partas laterais de acesso era elevado, existindo porém um curioso tipo de forno, designado na localidade como forno inglês, e que era feito apenas ao nível do solo. Este forno seria feito na ocasião, com as paredes em baluarte cru, fazendo um arco por baixo - sendo o trabalho sempre completado pelo uso do barro - de forma a ficar com uma boca para levar a lenha; o forno enchia-se com baluartes para cozer, no fim da cozedura os baluartes estruturantes eram voltados para o lado inverso e serviam para formar um novo forno ( o forno cozia-se a ele próprio); ao fim da segunda cozedura ficariam, pois, completamente cozidos e estando prontos a ser usados. Desta forma, novos fornos podiam surgir, tantas vezes quantas se desejassem e os gastos eram menores, pois coziam-se mais baluartes com a mesma lenha.

Ainda hoje, para o baluarte o barro é simplesmente amassado à enxada, por isso mais grosseiramente; para o tijolo e a telha havia já o barro de escolha (tiradas as pedras, era amassado em tanques, com os homens descalços amassando; mais tarde, surge a coação do barro através da giesta, para tanques grandes, ficando em repouso até eliminar a humidade, ganhando resistência, sendo depois amassado à mão, hoje já com auxílio da máquina).

Na categoria dos baluartes existem ainda as baldosas ( de grandes dimensões, auxiliar das fornadas para o chão dos fornos) e o adobo sextavado, de forma hexagonal. Para os baluartes e tijolos existem formas duplas; para a baldosa e o adobo sextavado a forma é única, produzindo um peça de cada vez.

Na oficina que citámos e onde subsiste a produção artesanal de pavimentos, telhas e material de construção para as paredes, a recolha da matéria-prima, o seu tratamento, a feitura das peças, a secagem e a cozedura -todo o ciclo da peça - é garantido pelo seu proprietário, auxiliado por alguns serventes. O forno atinge temperaturas que rondam os 750/800º C, e as formas apresentam cerca de três cm a mais que as peças depois de cozidas, pois a peça retrai em todo o processo de secagem e de cozedura. Na produção das peças usadas nos pavimentos entra uma mistura de argila e de terra arenosa local, misturada com água; no fabrico de tijolos, baldosas e rodapés aumenta a percentagem de argila, para obtenção de maior plasticidade e menos porosidade, o que não se passa já com o balurte (ou lambaz); as dimensões das peças produzidas são as seguintes:

- baluarte - 8x15x30 cm

- baldosas -3,5x40x40 cm, de 3,5x30x30 cm e de 3,5x28x28 cm

- tijolos - 2,5x15x30 cm

- o diâmetro da circunferência é de 30 cm e a altura de 8 cm para as peças produzidas que compõem uma coluna, peças de concepção recente e hoje solicitadas pelo mercado - que apela à peça rústica.

Para a telha é usado o barro estendido sobre uma laje, e depois cortado com uma grade com a forma de telha, mais larga de um lado que do outro; depois desta operação a telha é deitada no galapo, indo a cozer depois de um período de secagem, conseguindo-se assim a tradicional telha de canudo.

Finalizemos a análise da presença do barro na construção com mais uma citação de Orlando Ribeiro, em comentário às casas que encontrou em S. Pedro do Corval, na década de sessenta: "(...) A taipa é a técnica mais usual(...). O processo consiste em bater o malho, dentro de uma espécie de caixa de madeira , sem fundo, o taipal, uma mistura de barro com pedriça, apanhada muita vez ao lado dos muros que se vão levantando. Deslocando lateralmente o taipal, obtém-se uma faixa a todo o comprimento do muro que se deseja; levantada ela, deixa-se endurecer a ponto de servir de apoio ao taipal e vai-se erguendo sucessivamente o muro, desencontrando as juntas verticais para obter travação.(...) O adobe é o barro cru amassado juntamente com areia ou palha cortada, moldado em forma de tijolo e seco ao sol. Usa-se na construção ( de muros e paredes ) sobreposto em fiadas com as juntas verticais desencontradas.(...)".

Na década de quarenta, as peças fabricadas assistem a uma fase de aperfeiçoamento: quanto ao sistema de aplicação de tintas ( as peças já eram riscadas a prego, apesar de as cores não sofrerem variação); na raspagem da louça e dos "encasquelhamentos" dos fornos ( passaram a utilizar-se baldosas com mais frequência, resguardam-se as fendas com barro para evitar que a acção do fogo se faça directamente sobre a louça); no sistema de enforna, cada vez mais cuidada; e até introdução da panela de duas asas e dos caldeirões ( forma como a caçoila, com base mais oval e asas mais salientes) a pedido do mercado algarvio. Acrescentem-se também os azeitoneiros, decorados e vidrados, e os peixeiros, peça vidrada, com o formato de um prato mais fundo, sem bordo, com buracos no fundo para deixar escapar o óleo da fritura ou a água da cozedura. Flores isoladas ou em grupos de três ornam os vasos, saladeiras, e pratos com bordos de decoração geométrica. Desenvolve-se cada vez mais a louça salpicada, em que se misturam salpicos brancos, verdes, amarelos sobre os fundos vermelhos; os alguidares veêm a sua decoração enriquecida - decoração com linhas geométricas curvas, destacando-se em amarelo do fundo vermelho. É a década de sessenta notória na evolução nas técnicas de decoração, tal como na profusão de algumas peças vidradas que, até então, eram apenas produzidas como peças toscas. na década seguinte assistimos à proliferação de novas peças - terrinas, rebuçadeiras, serviços de café e chá, bonecos, etc.- novos formatos, e, na maioria das peças tradicionais decoração mais apurada, devido ao surgir de uma enorme gama de novas cores, com controle químico. Assiste-se, pois, a um crescente abandono das peças utilitárias em favor das decorativas, com um aliado cada vez mais imponente - a mecanização - que tendencialmente conduz ao surgir de indústrias e industriais de cerâmica em vez de olarias e oleiros. Porém, velhos testemunhos se mantêm ainda em funcionamento, de que os fornos são exemplo, solicitando processos seculares de enforna:

Nos últimos anos uma parte considerável do mercado tem vindo a desenhar novos contornos na olaria em S. Pedro do Corval: procuram-se peças toscas, "rústicas", para decoração de interiores e exteriores - as telhas, os baluartes, os tijolos, os vasos toscos ( alguns de dimensão muito considerável), os tinocos, as tarefas, pratos, caçoilas, assadeiras, chouriçeiras vermelhas e mesmo os alguidares ganham novo estatuto: a sua função utilitária cede cada vez mais lugar à decorativa.

 

 

Information Request Form

Select the items that apply, and then let us know how to contact you.

Send service literature
Send company literature
Have a salesperson contact me

Name
Title
Company
Address
E-mail
Phone

 

 

Home ] Up ]

Send mail to mbeijinho@hotmail.com with questions or comments about this web site.
Last modified: Janeiro 10, 2001
Number of visitors