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Rica em testemunhos
arqueológicos do megalítico, Guadalupe insere-se num roteiro em que
paisagem e monumentos confluem num todo. Aqui se localizam
Anta Grande do Zambujeiro
Descoberta e escavada, nos anos sessenta, pelo Dr. Henrique Leonor
Pina, é considerada, no seu género, como uma das maiores da Europa e a
maior de toda a Península Ibérica. Utilizada, há cerca de 5000 anos,
pelas comunidades agro-pastoris do Neolítico, como local de
enterramento de mortos, funcionou ainda como local de culto.
Uma gigantesca mamoa, uma coluna artificial, construída em terra e
pedra, com mais de 50 metros de diâmetro, envolve a anta da câmara
poligonal, com uma altura superior a cinco metros, e o longo corredor,
abrindo em átrio para o exterior.
Na altura em que foi descoberta emergiram as extremidades superiores
dos esteios da referida câmara, com cerca de 6 metros de altura, e
muitas toneladas de peso. O colossal chapéu, então já fragmentado,
permanece a poente da mamoa.
A Anta Grande do Zambujeiro encontra-se classificada como monumento
nacional, pelo Decreto Lei 516/71 de 22 de Novembro. Guardado no Museu
de Évora está o vasto espólio recolhido no decorrer das escavações ali
efectuadas. Vasos de cerâmica, contas e adornos de resina, pedras
verdes, lâminas e pontas de setas em silex e cristal de rocha,
instrumentos de cobre, ídolos, placas de xisto gravadas, foram alguns
dos objectos descobertos.
A Câmara Municipal de Évora tem vindo a apoiar, desde 1987, acções de
investigação, protecção e valorização em torno deste monumento.
Cromeleque dos Almendres
Inicialmente constituído por mais de uma centena de monólitos, conta
agora com apenas 95, identificados, em 1966, por Henrique Leonor Pina.
A sua recente escavação permitiu a detecção de diversas fases
construtivas, ao longo do Período Neolítico. Foi sofrendo, ao longo do
V e IV milénios a. C., inúmeras alterações, até alcançar o aspecto que
detém hoje. Tais modificações manifestaram-se um reflexo das mudanças
económicas, sociais e ideológicas ocorridas.
Os menires, de diferentes formas e dimensões, formaram dois recintos
erguidos em épocas distintas, geminados e orientados segundo as
direcções equinociais. Os maiores blocos, rudemente afeiçoados, deram
origem ao nome do local onde estão implantados, Alto das Pedras
Talhas. Alguns deles exibem um formato cilíndrico, esféricos ou de
aspecto estelar.
Ao mais antigo, pertencente ao Neolítico Antigo, definido por dois ou
três círculos concêntricos de pequenos monólitos, associou-se, no lado
poente e algumas centenas de anos depois, no Neolítico Médio, um
outro, composto por duas elipses, irregulares mas concêntricas, com
menires de grandes dimensões. Posteriormente, já no designado
Neolítico Final, ambas as estruturas sofreram alterações, tendo-se
transformado o recinto inicial numa espécie de átrio vocacionado para
a orientação e solenização dos rituais sócio — religiosos ali
praticados.
As suas grandes dimensões e a sua localização reflectem aspectos
determinados pela evolução cultural. A ocupar uma suave encosta
voltada a nascente, encontra-se próxima do topo de um importante
relevo, de onde se vislumbra um vasto horizonte. À última fase
mencionada corresponde, ainda, a aplanação parcial de muitos
monólitos, conferindo-lhes aspecto estelar, assim como a sua
decoração, através de motivos geométricos e figurativos.
0 menir 57 mostra composição com treze representações de báculos,
possíveis objectos de prestígio social, característicos dos espólios
funerários de uma fase avançada do megalitismo alto-alentejano. Também
os menires 56 e 48 oferecem figurações de tais artefactos, no primeiro
associada à escutiforme e, no segundo, incluída numa pequena cena
centrada por figura antropomórfica esquemática.
0 menir 58, situado na extremidade norte do eixo menor do recinto,
exibe três imagens solares radiadas. Tal iconografia corresponde a um
momento final do Neolítico ou já ao Calcolítico, quando na região se
fizeram sentir os estímulos culturais das primeiras comunidades
metalurgistas, produtoras de artefactos de cobre e portadoras de nova
superestrutura religiosa. No centro destas imagens está a grande
deusa-mãe mediterrânea, uma super-divindade feminina, representada com
grandes olhos solares.
Durante um período aproximado de dois milénios, o Cromeleque dos
Almendres constituiu, por certo, uma construção de carácter
plurifuncional. Tanto o espaço físico, como psicológico, foram sendo
organizados, e o território em seu redor gradualmente hierarquizado e
estruturado. Local de agregação social, terá sido, em tempos, símbolo
da autoridade político-religiosa, no seio das populações de economia
agro-pastoril e semi nómadas que habitaram a zona.
O falimorfismo de alguns menires, as decorações observadas e a
disposição de mós em algumas das suas estruturas de sustentação,
deixam prever uma ligação às observações e ao plano astral, em que se
destacam as práticas propiciatórias da fecundidade. Durante o
Calcolítico o recinto terá sido, supostamente, desactivado e
parcialmente arruinado, a pressupor pelo derrube e destruição de
muitos dos menires.
Igreja Matriz
A Igreja, dedicada a Nossa Senhora de Guadalupe, data do início do
século XVII, como se comprova pela coexistência de elementos
maneiristas numa estrutura com características marcadamente rurais. A
fachada principal está orientada para sul, enquanto as duas fachadas
laterais são suportadas por contrafortes, com janelas de alisares
direitos.
O interior é de nave única. A capela-mor, de planta quadrangular, é a
parte mais interessante do monumento em termos artísticos, como revela
o "retábulo fingido", reproduzindo cenas da vida da Virgem de
Guadalupe. A nave, coberta por abóbada em berço, encontra-se revestida
de pinturas murais. Dispostas em painéis redondos e quadrangulares,
representam figuras de santos, avulso.
A cobertura, tal como a sacristia, coberta por uma abóbada de
meio-canhão, é adornada por interessantes pinturas murais.
Em 1941, depois do ciclone que assolou a região no mês de Fevereiro,
este templo religioso ficou em estado bastante crítico, a pesar o
facto de ter sido alvo de profanação.
Anos depois, a Câmara Municipal de Évora ordenou que fosse recolhido
todo o espólio da Igreja, a fim de o levar para um nova igreja que
estava a ser construída na Azaruja. Na década de 60, por intermédio da
Câmara Municipal de Évora, em colaboração com a Mitra eborense,
procedeu-se a algumas obras de consolidação estrutural e à remoção de
dois alpendres romeiros do século XVII.
Igreja de S. Matias
A frontaria deste templo perdeu um pouco da sua traça original, em
virtude das profundas transformações arquitectónicas que sofreu ao
longo dos tempos, o que não envalida o facto de muitos dos elementos
arquitectónicos do seu exterior serem da época manuelina.
Capela de Nossa Senhora de
Monserrate
Esta ermida, de linhas arquitectónicas simples, pertenceu, durante
vários séculos, ao Colégio de S. Paulo. Localizada na Quinta da
Provença, alberga no seu interior imagens da Nossa Senhora da
Conceição, de S. Francisco, da Nossa Senhora de Monserrate, esta
última datada do século XVI, e algumas pinturas, cuja mais antiga
remonta a 1755.
Castelo do Giraldo
Localizado nos contrafortes da Serra do Monfurtado, este povoado
neolítico é rodeado por uma muralha de pedra solta, quase circular. No
terreno onde está inserido foram encontrados, por volta dos anos 60,
diversos objectos arqueológicos. Afonso do Paço e José Fernandes
Ventura descobriram diversos machados de pedra polida, pontas de seta
de sílex, mós manuais de granito e alguns fragmentos de cerâmica.
Segundo a tradição, esse local teria sido ocupado pelo castelo de
Geraldo Sem Pavor, antes da conquista de Évora aos mouros, estando,
por isso, repleto de tesouros esquecidos.
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